Passei a receber 200 mensagens por semana depois que fiz isso...
Essa foi a declaração do Presidente da Adidas após compartilhar o seu número de celular com mais de 60 mil funcionários em uma reunião.
No mundo corporativo, a expressão “It’s just business” (são apenas negócios) tem sido usada frequentemente para justificar decisões impessoais e estratégicas, onde os interesses do negócio estão acima dos interesses das pessoas.
Contudo, a recente atitude do Presidente da Adidas, de compartilhar seu número de celular com 60 mil funcionários, nos faz refletir sobre como devemos agir enquanto líder, quando o assunto é vulnerabilidade e intimidade com a equipe.
Ao permitir a comunicação direta, o presidente da Adidas não apenas desafiou a narrativa tradicional de que a liderança é desprovida de vulnerabilidade, mas também colocou em prática um conceito valioso: a necessidade de os líderes se tornarem mais acessíveis e abertos aos membros de suas equipes.
“Algumas pessoas pensam que sou louco”, relatou o norueguês, enfatizando a importância de os líderes estarem receptivos a mudanças
A inundação de mensagens, ao contrário do que se poderia esperar, não se tornou um fardo, mas sim uma oportunidade para fortalecer a transparência entre a alta administração e os colaboradores. Esta situação ilustra como a vulnerabilidade pode ser uma ferramenta poderosa para construir confiança e gerar transformações significativas dentro de uma organização.
O outro lado da moeda…
Mas não é fácil expor as nossas fraquezas para os outros. Um verdadeiro líder precisa de critérios para se expor diante de sua equipe da forma correta.
É um grande erro achar que devemos falar sobre as nossas fraquezas para qualquer pessoa em qualquer tempo. Se você não souber se expor de forma correta, pode sim ser visto como um líder fraco, despreparado, e até mesmo perder a autoridade, respeito e a admiração dos liderados.
Como podemos demonstrar vulnerabilidade enquanto líder, sem que isso seja interpretado como fraqueza?
A seguir, 3 dicas para você saber como e para quem revelar suas fraquezas:
1ª Dica: A Confiança:
Fonte: rawpixel.com no Freepik.
Um exemplo interessante desse equilíbrio entre liderança e vulnerabilidade é o conceito do “pote da confiança”. É como um jogo de bolinha de gude, onde você distribui bolinhas de acordo com os seus critérios de confiança, sejam relacionados ao desempenho e comprometimento. (ex.: atingimento de metas, pontualidade, falar sempre a verdade, ficar após o expediente se preciso for, etc.). O pote da confiança é uma metáfora para a gestão da intimidade e liberdade na liderança.
Com o passar o tempo e com base nos critérios definidos, as pessoas passam a ganhar sua confiança e o pote delas vai se enchendo. No entanto, se alguém ultrapassa o limite estabelecido por você em termos de confiança, seja por palavras ou ações, o pote da confiança vai sendo esvaziado.
Com o tempo, o pote da confiança de algumas pessoas estará cheio de bolinhas, enquanto de outras estará vazio.
Essa abordagem não apenas reforça a importância da transparência, mas também permite que os líderes mantenham uma posição de autoridade sem perder a conexão humana.
Além disso, o exemplo da Adidas sugere que a vulnerabilidade não é um sinal de fraqueza, mas sim uma demonstração de autenticidade e compreensão.
2ª Dica: A Atenção e o Interesse (Verdadeiro!)
Foto: Freepik.
Em um mundo corporativo muitas vezes caracterizado pela competitividade feroz e estratégias impessoais, a capacidade de um líder de se mostrar vulnerável, pode ser um diferencial que fortalece o compromisso e a lealdade entre a equipe.
Estar vulnerável é também saber enxergar as vulnerabilidades dos outros. É perceber as necessidades das pessoas ao seu redor e é “deixar a porta entreaberta” das suas fraquezas.
Perceber que algo não está bem com algum colega ou algum membro da sua equipe, requer atenção.
Não é fácil, no meio da correria do dia a dia, no meio de tantas tarefas a cumprir, você notar as coisas ao seu redor… Enxergar mais do que aquilo que você precisa fazer. Mas isso é necessário se você deseja ser um verdadeiro líder. Isso gera conexão com o time.
Isso nos ajuda a lembrar que a vida é muito mais do que apenas atingir metas e cumprir prazos. Afinal, liderar não é só sobre processos, mas sobre pessoas. Lembre-se sempre que acima de tudo a sua liderança precisa ser um exemplo de serviço, uma forma de contribuir para o bem do outro.
Olhar nos olhos, conhecer sobre a vida pessoal dos seus colegas, saber como vai o seu casamento, e o desempenho de seu filho na escola, não é ultrapassar limites como muitos pensam, isso é interesse na vida das pessoas!
Isso traz grandes benefícios para a equipe. Sentimento de pertencimento, valorização, ajuda as pessoas a vestirem a camisa, a lutarem pelas mesmas causas.
3ª Dica: O Compromisso:
Foto: aleksandarlittlewolf no Freepik.
Na medida que você (1) constrói confiança, (2) passa a dar atenção a quem as pessoas são e não apenas ao que fazem, e passa a ter interesse em suas fraquezas e dificuldades, você está assumindo o papel de ser um agente de transformação de vidas e isso gera compromisso.
“A vida pessoal de cada jogador do time, reflete nos resultados dentro de campo.”
Em última análise, o caso do presidente da Adidas nos lembra que, em um ambiente de negócios, a conexão pessoal e a autenticidade podem ser valiosas.
Os líderes modernos devem estar dispostos a desafiar a ideia de que “It’s just business”, entendendo que, muitas vezes, a integração de uma abordagem mais pessoal, não deixando de lado os critérios de confiança, pode levar a resultados mais positivos e colaborativos.
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Dias 17 e 18 de Junho de 2024, das 08h00 às 17h00
Presencial (Curitiba – PR) e On-line (ao vivo).
Fonte da Imagem de Capa: Bjørn Gulden, the CEO of Adidas – Divulgação Adidas.
