
Como a Gestão de Ativos Reflete na Gestão da Manutenção Tradicional
A gestão de ativos coordena as atividades financeiras, operacionais, manutenção, risco e outras atividades relacionadas aos negócios de uma organização para obter mais valor através de seus ativos. É um processo que busca benefícios de desempenho dos ativos de uma organização, através de um sistema fundamentado na PAS 55, que é a Especificação Publicamente Disponível da British Standards Institution, para o gerenciamento otimizado de ativos físicos. Este documento contendo padrões de gestão posteriormente migrou para a série da norma ISO 55000.
A norma ISO 55000 é a primeira norma internacional desenvolvida para fornecer um guia sobre os diferentes elementos que constituem um sistema para gerenciar todos os tipos de ativos. Este padrão se concentra em garantir que os objetivos da empresa são comunicados claramente por meio da organização, e que eles são uma parte essencial em todas as fases do ciclo de vida dos ativos, desde a aquisição, operação, manutenção e disposição ou descarte, como ilustra a Figura 1 a seguir, com os respectivos investimentos CAPEX (Capital Expenditure) e os custos operacionais OPEX (Operational Expenditure).
É importante observar a necessidade da mudança de cultura da manutenção e produção na empresa, que devem ser vistas como funções estratégicas, pois impactam diretamente nos resultados da organização. O custo total de propriedade do ativo fixo é a soma do custo inicial do ativo e os custos diretos e indiretos incorridos durante sua vida útil. É o custo do dinheiro das unidades produtivas da empresa no ativo em toda a sua vida.

Figura 1 – Ciclo de vida dos ativos e gestão financeira
Fonte: adaptado de Gestão de Ativos – Alan Kardec
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, em setembro de 2014, publicou um conjunto de três padrões para ajudar as empresas no gerenciamento de seus ativos, para evitar risco e obter maior desempenho:
ISO 55001: estabelece os requisitos para um sistema de gestão de ativos dentro do contexto da organização;
ISO 55002: fornece orientação adicional útil para a aplicação de um sistema de gestão de ativos, de acordo com os requisitos da norma ISO 55001;
ISO 55000: dá uma visão geral de gestão de ativos na organização, os seus princípios e a terminologia e os benefícios esperados com a adoção de gerenciamento de ativos.
A gestão de ativos representa um marco na mudança cultural da manutenção das empresas, quando se compara, com a visão tradicional de gestão da manutenção, que consideramos mais adequado chamar de gerenciamento da manutenção. A grande maioria das empresas trabalham desta forma, onde se dá ênfase no que a empresa faz com seus ativos. É o gerenciamento da manutenção tradicional, voltada às ações do dia a dia com as equipes de manutenção mecânica, elétrica, etc., e serviços de manutenção corretiva, preventiva, com a área de compras e almoxarifado, para atender as demandas da equipe com materiais e serviços, sem uma visão estratégica do gerenciamento do dia a dia da manutenção, sem estar direcionada aos objetivos da organização e as metas de produção para a competitividade.
Em muitas empresas encontramos equipes de manutenção trabalhando sem controle dos serviços e com muita manutenção corretiva em seus equipamentos, onde os manutentores consertam o equipamento após a falha, com atitudes reativas da ocorrência, dando a equipe operacional e suas lideranças por satisfeito quando é removido apenas o sintoma, sem se preocupar com a análise da causa raiz da falha e o histórico de manutenção do equipamento. Nestas empresas a operação opera e a manutenção conserta. É um quebra/conserta de máquinas constantes todo dia.
Constatamos em outras empresas, que a prática do gerenciamento de manutenção busca se adequar ao que possível, em termos de recursos financeiros, materiais e humanos, mas em constante evolução por necessidade, por meio de metodologias, inovações de processos, novas tecnologias e aprendizado, apesar das restrições de recursos, cultura da organização e desprezo pelas oportunidades de melhoria dos equipamentos para a produção.
Vemos também empresas na fase de inspeção sensitiva, mas muito superficial e subjetiva as suas análises. A manutenção preventiva condicional é realizada quando possível, falta material e pessoas da manutenção para cumprir os serviços planejados. A equipe se detém nos serviços de manutenção corretiva dos equipamentos que não puderam ser resolvidos anteriormente.
Encontramos também empresas que estão na fase da engenharia de manutenção e confiabilidade, com extensão da vida útil dos equipamentos e manutenção otimizada com bom gerenciamento de custos, infelizmente não sendo a maioria das organizações.
Para as empresas que se dispõem a buscar padrões internacionais de desempenho dentro de mercados competitivos, a visão da gestão de ativos traz, a partir do contexto da organização, uma nova proposta de realização dos objetivos estratégicos, integrando todas as áreas da empresa de forma que cada uma delas reconheça o seu papel e sua responsabilidade na obtenção de valor através dos ativos da organização.
A gestão de ativos não dá ênfase no próprio ativo, mas foca no Valor que o ativo pode proporcionar para a empresa e partes interessadas. Desde o projeto, aquisição, qualificação de pessoas, operação, manutenção, reforma, até o descarte do ativo.
A prática da gestão de ativos implica numa reflexão inicial sobre o posicionamento da empresa no mercado, sobre seus objetivos estratégicos de curto, em médio e longo prazo e sobre as expectativas e necessidades das partes interessadas e como estas interagem com o negócio da empresa.
As partes interessadas na gestão de ativos, devem ser estabelecidas pela alta administração, pois é quem tem as informações necessárias para analisar quem pode ou não afetar a organização pelo mal gerenciamento do ativo. As partes interessadas serão aquelas que influenciam ou sejam influenciadas pela gestão de ativos e a política de manutenção adotada na organização.
Costumamos dizer que a gestão de ativos marca o início de uma nova era na administração industrial das empresas, algo a ser praticado por quem busca excelência nos negócios e visão estratégica da manutenção, e deseja reduzir seus custos industriais para a competitividade.
O que é um Ativo?
Conforme a ISO 55000, um ativo é um item, algo ou indivíduo que tem valor real ou potencial para a organização. Os ativos físicos das empresas, como as máquinas, veículos, estoques e seus edifícios, representam apenas uma das cinco categorias de ativos. As outras categorias são ativos humanos, de informação, financeiros e ativos intangíveis, como segurança das pessoas e dos bens, riscos minimizados ou controlados, marca, reputação, moral, propriedade intelectual, ética e sustentabilidade do negócio. A Figura 2 ilustra quatro tipos de ativos em uma empresa.

Figura 2 – Tipos de ativos na empresa
Fonte: adaptado autor
Por que implantar a Gestão de Ativos?
A Gestão de Ativos permite que uma organização obtenha valor a partir dos ativos no alcance de seus objetivos organizacionais. O que constitui valor dependerá destes objetivos, da natureza e finalidade da organização e das necessidades e expectativas de suas partes interessadas. A gestão de ativos apoia a obtenção de valor enquanto equilibra os custos financeiros, ambientais e sociais, risco, qualidade de serviço e desempenho relacionados aos ativos.
Os principais benefícios da Gestão de Ativos são:
- Melhoria de desempenho financeiro;
- Decisões informadas sobre investimentos em ativo;
- Risco gerenciado;
- Melhoria de saídas e serviços;
- Responsabilidade social demonstrada;
- Conformidade demonstrada;
- Melhoria de imagem;
- Melhoria da sustentabilidade organizacional;
- Melhoria da eficiência e eficácia.
O que é o Gerenciamento de Ativos?
Gerenciamento de ativos é a atividade coordenada de uma organização para retirar o valor dos ativos. O gerenciamento de ativos envolve o equilíbrio de custos, oportunidades e riscos com o desempenho desejado dos ativos, a fim de atingir as metas organizacionais. Um objetivo comum é minimizar o custo de vida dos ativos, por meio do ciclo de vida e ciclo econômico do ativo, mas pode haver outros fatores críticos, como risco ou continuidade do negócio, a serem considerados objetivamente nessa tomada de decisão.
A Figura 3 ilustra o equilíbrio no gerenciamento dos ativos e o seu ciclo de vida.

Figura 3 – Equilíbrio na gestão de ativos e o seu ciclo de vida
Fonte: adaptado autor
O gerenciamento de ativos também permite que uma organização examine a necessidade e o desempenho de ativos e sistemas de ativos em diferentes níveis. Além disso, permite a aplicação de abordagens analíticas para gerenciar um ativo em diferentes estágios do seu ciclo de vida (que pode começar desde a requisição de projeto, especificação, aquisição, operação, manutenção, reforma até o seu descarte. Paralelamente temos o ciclo econômico do ativo, da previsão financeira, orçamento, custo de aquisição, custos operacionais, custos de manutenção, custos de reforma e custos de descarte.
É Possível Evoluir do Gerenciamento de Manutenção para a Gestão de Ativos na Empresa?
Sem dúvidas! Mas a questão a ser respondida é por onde começar?
Saber o momento certo de investir tempo e recursos da empresa na mudança de mentalidade das pessoas para essa transformação, pode ser a diferença entre obter excelentes desempenho ou causar danos irreparáveis para a organização, desde a imagem perante os clientes até grandes perdas financeiras devido a multas e lucro cessante. A mudança da cultura para a Gestão de Ativos, marca o início de uma nova era na administração industrial da empresa e, é algo a ser praticado por quem busca excelência nos negócios para a competitividade.
Recomendamos que primeiramente, para essa evolução da manutenção para gestão de ativos, a diretoria da empresa seja envolvida, e participativa nesse novo modelo de gestão, e que as decisões tomadas, sejam sustentadas em melhores análises dos ativos, para planejar, prever e otimizar o desempenho de forma crescente.
Este é o propósito da Apeck Consultoria para todas as organizações que desejam migrar do gerenciamento tradicional da manutenção para a Gestão de Ativos, mas antes de começar está trajetória, recomendamos avaliar se a organização está pronta para trilhar esta caminhada. A prática mostra que normalmente é necessário ajustar vários aspectos da manutenção na organização. É importante discutir com as lideranças, quais aspectos do gerenciamento da manutenção na empresa é preciso corrigir antes de iniciar esta grande jornada rumo à manutenção classe mundial, rumo a Gestão de Ativos como novo padrão de trabalho na empresa.
Propomos que seja realizado um diagnóstico para avaliar como vai a manutenção, analisando a maturidade da manutenção na empresa nas várias metas de trabalho, como organização da manutenção,
Esta Etapa 1 inicial, como ilustra a Figura 4 a seguir, que analisa com a equipe, o porquê mudar, onde está a manutenção atual da empresa e para onde vai.
Este diagnóstico deve fornecer informações consistentes para progredir na implantação de um projeto de Gestão de Ativos, como o Sistema de Excelência da Manutenção – SEO, e por meio dele, avançar para as Etapas 2, 3, 4 e 5, com soluções de treinamento e desenvolvimento de atividades em cada etapa, para todos os níveis da organização, em um processo de evolução contínua, proporcionando vivência prática e experiências transformadoras das equipes de trabalho, desde a alta gerência da empresa até as equipes operacionais do chão de fábrica, em um processo de aprendizagem, mudança de atitudes e resultados de excelência para a área industrial com a Gestão de Ativos.

Figura 4 – Processo de mudanças na empresa para a gestão de ativos
Fonte: adaptado autor
Consideramos como fundamental que aqueles que trabalham na gestão, avaliem o risco e o gerenciamento do desempenho dos ativos da empresa, por meio da tecnologia da informação para tomada de decisão. O planejamento estratégico da empresa é reforçada por meio do acesso a uma melhor qualidade de ativos e gestão da informação relacionada, por exemplo, utilizando softwares de gerenciamento da manutenção como o SAP-PM.
Temos constatado em nosso trabalho de consultoria, que existem grandes oportunidades no chão de fábrica das empresas, como um tesouro de oportunidades a ser explorado, para obter todo o potencial de valor dos ativos, e transformar a operação, reduzir custos, gerenciar melhor os riscos e atender as metas necessárias para o crescimento da organização.
Quando fazer uma RCA?

Com mais de 30 anos de experiência, atendendo as maiores empresas brasileiras do segmento industrial, a Apeck Consultoria pode te ajudar com a implantação da Gestão de Ativos. Entre em contato agora mesmo com um de nossos especialistas, será um prazer ajudar você a conquistar melhores resultados na sua empresa.
Conte conosco!

Prof. Eng. Me. Celso Peck do Amaral
Mestre em Engenharia de Produção pela UFSC. Especialista em Administração Industrial pela UFPR e Engenharia de Manutenção pela PUC. Diretor presidente da Apeck Consultoria. Atuou nas áreas de engenharia e manutenção por 12 anos na Festo Automação, em trabalhos de consultoria em empresas nacionais e multinacionais. Especialista na implantação de métodos e técnicas para maximizar resultados, como TPM – Total Productive Management, Lean Maintenance e Lean Manufacturing. Conferencista e professor universitário em cursos de pós graduação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR. Professor da Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos – ABRAMAN, sendo o responsável pelos cursos Gestão de Ativos, Gestão da Manutenção – Manutenção Classe Mundial, Manutenção Produtiva Total – TPM, Planejamento e Controle de Manutenção – PCM, Custos e Indicadores de Manutenção. Com mais de 25 anos como consultor industrial, vem implantando metodologias e treinamento, entre outras, nas empresas: Petrobras, Vale, Copel, Renault, Votorantim, Tupy, Coca Cola, Electolux, Klabin, Bunge, Marilan, Copacol, BRF, C. Vale e Lar. Já trabalhou em mais de 190 projetos de aumento da produtividade, redução de custos e melhoria de resultados industriais.